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A Bebida Nossa de Cada Dia

Beber para quê? Festejar? Confraternizar? Desinibir-se? Anestesiar sentimentos incômodos? Buscar aceitação social? Viver um tipo de lazer alienante? Aliviar a angústia de uma existência vazia?

Beber é um risco. Quanto mais se bebe maior é o risco. Risco de quê?  De dependência física e psicológica. Doenças hepáticas, neurológicas e cardiovasculares, e outras ligadas ao sistema digestivo, além de problemas psiquiátricos como depressão, hipersonia, irritabilidade, distúrbios de conduta (agressividade), de memória e alucinações; além de apagamentos, quedas e vexames – tudo isso está relacionado ao uso e abuso do álcool.

Por outro lado, a continuidade da intoxicação alcoólica tende a iniciar na pessoa um processo de desconexão com o seu “eu maior” e com a face saudável da sociedade que cerca e ampara o cidadão, devido ao freqüente estado de consciência alterada. Alguns chegam a gostar mais de si mesmos quando estão sob o efeito de alguma bebida. Outros ainda passam a basear sua identidade e auto-imagem à pessoa ideal na qual se transformam, a princípio alegre, divertida e inventiva.

Nesse sentido, podemos nos questionar: qual seria a função do álcool em nossas vidas? Que espaço ele ocupa em nossa identidade e em nosso dia-a-dia? Diminui a consciência e o efeito de nossas fragilidades? Dá-nos algo que não conseguimos por nós mesmos?

Seguramente podemos conseguir prazer, relaxamento e desinibição sem consumirmos álcool, por exemplo a partir da prática de esportes, artes, meditação e, por que não a partir da revisão de nós mesmos a partir de um processo psicoterapêutico?

Por que, mesmo assim, muitos de nós, alcoolistas ou não, acreditamos que precisamos do álcool? A resposta está principalmente no efeito atingido: prazer, anestesia, coragem, euforia, desmesura, expansividade, efêmero esquecimento de quem acreditamos que somos quando sóbrios.

No caso do alcoolista, beber em busca disso tudo passa a se tornar algo incessante, uma doença de natureza compulsiva e obsessiva que limita e empobrece, murchando toda uma existência.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o alcoolismo é classificado dentro da dependência química como uma doença crônica, progressiva, incurável e fatal, porém, tratável.

Assim sendo, o descontrole episódico pode dar lugar à ingovernabilidade a qual passa a guiar a existência cada vez mais caótica do alcoolista. Este ciclo da doença independe da idade do indivíduo, podendo ocorrer até mesmo na adolescência.

As nefastas conseqüências cada vez mais vão se evidenciando: perdas profissionais, familiares, relacionais, isolamento, arrependimento, auto-abandono. Ou seja, degradação crescente. E é assim que o sofrimento toma o lugar do prazer.

Fundamental portanto avaliar quando as reuniões aparentemente “sociais” de amigos em bares ou churrascadas de final de semana, estão escamoteando riscos e impulsionando  personagens despreparados emocionalmente a adentrarem numa jornada extremamente perigosa.

Autores: Nancy M.F.Peres , Raquel Arantes e Renan Fernandes de Oliveira

Email de contato: dependenciaquimica@sustentahabilidade.com.br

 

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