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Álcool… Porta de entrada para a dependência química

Há uma enorme quantidade de adolescentes que revelam que só conseguem tomar algumas iniciativas no campo afetivo e sexual sob o efeito do álcool. Essa informação não pode passar despercebido aos nossos olhos. O álcool é a substância psicoativa mais consumida precocemente pelos adolescentes, o que aumenta o risco de dependência, chances de envolvimento em acidentes, violência sexual e participação em gangues. Estudos mostram que o álcool na adolescência está associado com mortes violentas, queda no desempenho escolar, dificuldades de aprendizagem e prejuízo no desenvolvimento.

Apesar de tantas conseqüências, devemos salientar que os efeitos conseguidos através do álcool não são os únicos fatores que mantém o alto índice do uso dessa substância. Ao ver um programa de televisão popular ou mesmo pela internet, o adolescente é estimulado ao consumo, várias vezes durante uma mesma programação, seja através de publicidades, filmes, entrevistas, jornais, etc. Nestes, o álcool é associado a prazer, poder, virilidade, aprovação, popularidade, relaxamento, companhia de pessoas bonitas, famosas e interessantes. Ou seja, quem não bebe está “por fora” e “não pode” fazer parte dessa massa de pessoas que saem para beber e se divertir.

Experimente visualizar as seguintes cenas, caro leitor: Cena 1: você entra em um churrasco de família e 90% das pessoas está bebendo cerveja e/ou algum outro destilado; Cena 2: você entra em uma balada e percebe que é praticamente o único que ainda não bebeu. Notem, quer seja numa cena familiar doméstica (de adultos e até idosos) ou num ambiente jovem de “paquera” que, estar “por dentro” é uma expressão da necessidade humana de pertencimento e aceitação social, ligada à busca de proteção no bando, segurança e até poder.

Em geral, para um adolescente, estar “por fora” é algo experimentado com intenso sofrimento, habitualmente ligado à vergonha de si, rejeição e inferioridade. Se ele for o único a não beber ou o único a não consumir drogas em seu grupo de iguais, não se sentirá parte integrante e, a experiência nos revela, poderá fazer de tudo para conseguir se igualar.

Sendo assim, somos forçados a admitir que desenvolvemos e seguimos padrões de “normalidade” que são auto-destrutivos e que acabam integrando nossa identidade. Estes modelos de repetição, ora na TV e internet, no churrasco ou na balada, despertam em nós o desejo de imitarmos os valores vigentes para dele fazermos parte, para nunca nos sentirmos “por fora”. Destarte, nossas percepções ficam contaminadas e passamos a aceitar sem julgamentos apenas o que é convencional.

A prova disto fica explicitada quando todos estão tomando um café com pão e manteiga numa padaria e surge um cliente solicitando uma cerveja preta, logo pela manhã. O olhar silencioso de “desaprovação” é geral, pois aquela atitude é “ilícita” socialmente.

Até aqui conseguimos demonstrar a esmagadora presença do álcool, parte de seu contexto social, seus efeitos e conseqüências. Portanto vale frisar categoricamente, que o álcool será (para grande parte dos adolescentes que irão consumir outras drogas no futuro), a primeira experiência de grande “euforia” associada a uma substância, de “descontrole”, de forte desinibição, de “viagem / brisa / loucura”, e também de intensa troca social, afetiva e sexual.

Por tais razões, vale desmistificar o conceito de que a maconha seja a única e mais larga porta de entrada para outras drogas, pois estudos observam que o álcool facilita muito mais tal entrada, e que a legalização da maconha na Holanda, há mais de 30 anos, também produziu resultados que depõem contra a tese da “porta de entrada”.

Devido a isso, nos deteremos com mais detalhes à situação da maconha no próximo artigo.

Foto: www.stopfryingyourbrain.com

Autores: Nancy M.F.Peres , Raquel Arantes e Renan Fernandes de Oliveira

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