in

Entrevista com a Cantora Lu Oliveira

O Portal SustentaHabilidade  apoiador oficial do “O Canto da Gente”  entrevista a cantora Lu Oliveira,  que se apresenta em São Paulo dia 26/09/2015.

“Que desperdício não ter conhecido Lu Oliveira até hoje”, disse Roberto Menescal ao conhecer o trabalho da cantora nascida em Niterói (RJ), leonina, vascaína e portelense.

1.Você confessa influências marcantes na sua arte, entre  Elis Regina e a música portuguesa. Em que momento e como isto aconteceu ?

Desde menina eu ouvia na vitrola da minha casa grandes intérpretes da MPB como Elis Regina, Gal Costa e Maria Bethânia, e do fado, como Amália Rodrigues. Meus avós e tios maternos portugueses são muito musicais e em todos os almoços ou comemorações de família eles cantavam cantigas “da terrinha”, como eles diziam. Isso foi me encantando e me inspirando sem eu nem perceber. Com relação à Elis, lembro muito bem do disco duplo dela chamado Fascinação, que minha mãe ouvia bastante. Eu devia ter uns 10, 12 anos, mas já conseguia entender que aquela voz era diferente de tudo. Acho que foi ali, com aquele disco, que Elis entrou definitivamente na minha vida.

2.Músicos renomados como Menescal e Zé Renato reconhecem o seu talento. Que contribuição estes ícones tem trazido para sua  arte?

Ter um CD de estreia com produção musical do grande músico e compositor Zé Renato, com todo o seu talento e sensibilidade, e posteriormente receber um texto lindo elogiando o meu disco, escrito espontaneamente por ninguém menos que Roberto Menescal, é daqueles presentes que a vida te dá e que a gente se pergunta se merecia tudo isso! (risos). É emocionante e uma grande honra pra mim. Os nomes deles estão gravados na minha história, e isto, por si só, referenda o meu trabalho e abre portas para novas oportunidades. 

3.Como você está enxergando o cenário musical atual do Brasil  ?

Vejo um momento muito difícil, de poucas oportunidades, sobretudo para quem é artista independente como eu. Mas sinceramente, não sei se, em algum momento, já foi tão mais fácil. Leio biografias de grandes nomes da MPB e vejo o quanto esses artistas ralaram, o quão sofrido foi chegar até onde eles chegaram. As histórias são muito parecidas, e sempre envolvem obstáculos, dificuldades e superação. E olha que décadas atrás não havia a famigerada internet, com suas redes sociais, Youtube, etc. Neste sentido, o que eu acho que realmente dificulta a vida do artista que está começando hoje é a visibilidade exagerada dada a alguns gêneros musicais em detrimento de outros, seja na TV, rádio ou jornal. Sou a favor de toda e qualquer expressão musical, do funk ao clássico; o Brasil é muito grande e tem espaço pra todo mundo. Mas quando os principais veículos de comunicação só apresentam dois ou três tipos de música, o artista independente fica numa desvantagem muito grande. Por mais que se tenha público pra todos os gostos, é preciso chegar nestas pessoas, e só com facebook e boca-a-boca fica muito mais difícil. As rádios deveriam ajudar mais na difusão de novos trabalhos, mas sabemos que isto não acontece espontaneamente, né? O Rio de Janeiro, por exemplo, mesmo sendo o berço da bossa-nova, tem muito menos casas dedicadas a este gênero do que ao samba e pagode. E vejo isso como um reflexo do que se “vende” nos grandes veículos. 

 4.Você é a próxima  participante  do  “ Canto da Gente”.  Como  é participar  de um  projeto totalmente intimista ?

É totalmente a minha cara!! Sou uma intérprete muito emotiva, visceral, e acho que quanto menor a plateia mais fácil a minha música chega ao coração de cada um. Claro que adoro cantar para grandes públicos e sonho, um dia, me apresentar para milhares de pessoas. Mas são energias diferentes e esta oportunidade que O Canto da Gente está me dando é muito especial.

 5.Que importância este modelo  de apresentação agrega para cultura nacional ?

Como disse na pergunta anterior, neste cenário musical pouco motivador, onde se tem muito mais artistas do que palcos, ter um canto para entoarmos o nosso canto é uma maravilha! Tudo que nós cantores e músicos queremos é cantar, tocar, levar nossa arte para as pessoas. A minha maior angústia não é não ter fama ou grandes cachês, é não ter palcos. E o público também sofre com isso, pois fica carente de cultura. Então, este modelo de sarau itinerante que leva música para diversos cantos de São Paulo (neste primeiro momento), aproximando o artista que quer tocar com o público que quer ouvir, é incrível. Como se diz no ditado popular, é matar a fome com a vontade de comer.

Foto de Capa: Bruno Miguel (Ze e Lu – making of Sou Eu)

Lu Oliveira

Lu Oliveira1

Lu Oliveira2Lu Oliveira3

O que você acha?

Escrito por Roberto Mangraviti

Economista e Facility Manager em Sustentabilidade. Editor, diretor e apresentador do Programa Sustentahabilidade pela WEBTV. Palestrante, Moderador de Seminários Internacionais de Eficiência Energética, Consultor da ADASP- Associação dos Distribuidores e Atacadistas do Estado de São Paulo e colunista do site do Instituto de Engenharia de São Paulo.

Futebol: clientes fiéis … e insensatos.

Orangotangos e filhotes de tigre … o que poderia ser melhor?