O que é dependência química?
Segundo a neurocientista e psiquiatra Nora Volkow, diretora do National Institute on Drug Abuse nos Estados Unidos, ‘é uma doença crônica e recidivante, que envolve mudanças no cérebro que levam ao consumo compulsivo de drogas com consequências devastadoras.’
Perguntas que a todo momento são feitas: Qual a pior droga, a mais potente, a que mais vicia?
Muitas são as respostas e portanto as conclusões não são definitivas, ou exatamente iguais de paciente para paciente.
Provavelmente a droga mais potente é aquela que a pessoa está usando. Aquela que a tornou dependente, que trouxe sofrimentos e desajustes para a família, que prejudicou o trabalho, que rompeu relacionamentos, enfim, aquela que extirpou todas as forças e destruiu sonhos. E não precisa ser exatamente as drogas ilícitas.
Não dá para fechar uma resposta ao redor desse assunto. A questão vai além, pois está associada a várias determinantes: a predisposição genética, o ambiente, o modo como a pessoa lida com o sofrimento, o acesso às substâncias, a forma e frequência do uso, comorbidades.
É o que conceitualmente chamamos de “fatores de risco”: baixa autoestima, dificuldade nas relações sociais, a constituição familiar, a falta de acesso a moradia, educação, saúde, etc.
Em “O Mal-Estar na Civilização” de 1930, Freud salienta que nem todo o uso de substâncias químicas é necessariamente prejudicial e dá como exemplo o consumo de drogas nas cerimônias rituais de povos primitivos e em ocasiões de celebração, onde se bebe ‘socialmente’.
Também o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad), diz que em relação ao Crack, aproximadamente 80% dos usuários são pessoas produtivas, que têm a sua família e que fazem apenas uso recreativo.
Quem é culpado?
Mais do que buscar um ‘culpado’ na substância em si, é preciso ver o dependente químico como indivíduo único e não acomodá-lo em um simples diagnóstico.
Entender o que vai no íntimo desse Ser Humano, suas fragilidades, seus medos, aquilo que lhe traz sofrimento.
Nas palavras do dr. Claude Oliveinstein, fundador do Centre Médical Marmottan em Paris, que revolucionou a maneira de compreender toxicomanias, “as carências afetivas constituídas na primeira infância acarretam esta ‘falta’ ou incompletude do ser e a droga vem para completar.”
A dependência química, seja qual for a substância, é uma doença crônica, recidivante, não existe a possibilidade de cura e sim de controle permanente.
Pelo fato de ter sido reconhecida como doença, a dependência química está inserida em um documento da Organização Mundial de Saúde, o CID-10 (classificação internacional de doenças) e em sua décima versão publicada em 1992 aparece no grupo de “Transtornos Mentais e Comportamentais devido a uso de substância psicoativa”.
Apesar de todos esses cuidados e critérios estabelecidos, ainda encontramos muita relutância por parte da sociedade na busca desse entendimento. O usuário ainda é visto de maneira distorcida, rotulado com vários adjetivos pejorativos, inclusive dentro da sua própria família.
O próprio Direito Penal brasileiro ainda carece de um entendimento mais condizente com a realidade.
E você, já chegou a alguma conclusão?
Quer saber mais ?
Escreva para dependenciaquimica@sustentahabilidade.com.br ou acesse
os links ou textos abaixo.
E até breve !
Autoras: Veronica Salete Martins e Maria Cristina Lopes
Saiba mais
Livro: Filhos da Dor – Prevenção e Tratamento da Dependência Química
Série Snowfall da TV Fox Premium (retrata a epidemia de crack e cocaína em LA)
Entrevista com a diretora do NIDA
Abuso de drogas é uma doença crônica
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd2603201001.htm
Excelente artigo !!!
Parabéns !!
Excelente artigo!!!!
Parabéns pela abordagem do tema e linguagem direta.
Em nome das autoras agradecemos