Dando sequência ao tema relativo as drogas produzidas em laboratório, estamos focando hoje as drogas alucinógenas naturais.
Um grande número de drogas alucinógenas vem da natureza, ou de plantas. Estas drogas foram “descobertas” por seres ancestrais que, ao sentir seus efeitos mentais, passaram a considerá-las “plantas divinas”, isto é, que ao ingeri-las facultava a possibilidade de receber mensagens divinas, dos deuses. Este pensamento, de profundo significado religioso em certas culturas indígenas, continua impregnado nestas civilizações até hoje, justificando assim o uso continuado dessas plantas alucinógenas.
Os cogumelos, com forte poder alucinógeno, compõe esta gama de plantas capazes de produzir no consumidor estes efeitos entorpecentes.
A utilização destes produtos, tem aparecido em noticiários, provenientes do México, mas desde antes de Cristo, já eram utilizados pelos nativos daquela região e ainda hoje, sabe-se que o “cogumelo sagrado” é usado por alguns pajés. Essa planta recebe o nome científico de Psilocybe mexicana e dela pode ser extraída uma substância de poder alucinógeno: a psilocibina. No Brasil são encontradas pelo menos duas espécies de cogumelos alucinógenos, uma delas é o Psilocybe cubensis e a outra, espécie do gênero Paneoulus.
Este ingrediente “mágico” entorpecente (psilocibina), é um composto que se decompõe em psilocina no corpo. A psilocina se liga a receptores de serotonina em todo o cérebro e pode causar alucinações, assim como sinestesia, ou a mistura de dois sentidos. Eles afetam cada pessoa de um jeito diferente e, a não ser quando consumido em grande quantidade, não causam “visões” ou “flashbacks” tardios na maioria das pessoas.
Seus efeitos começam em cerca de uma hora após ter usado a droga, e acaba ficando mais forte após três ou quatro horas, e pode perdurar por até 12 horas após o início da utilização. Entre os efeitos observados, destacam-se alterações na percepção sonora e auditiva. Desta forma, o usuário passa a “perceber” cores muito brilhantes e também ouvir sons bastante agudos. Algumas pessoas até se confundem “vendo” sons e “ouvindo” cores, pois os sentidos se atrapalham, gerando um campo de sobreposição nestes sentidos. É comum também observar estranhas reações na sensação ligada com a velocidade do tempo, fazendo tudo parecer em ”câmera lenta”, gerando paralelamente, mudanças emocionais com oscilações no humor além de cansaço, náuseas, vômitos e problemas de coordenação. Existem também as viagens más, mais conhecidas como “bad trips”. E nestes casos, algumas vezes, os efeitos são negativos como: medo, angustia, pânico, alucinações que causam desespero na pessoa e também o medo de perder o controle e ficar louco.
Mesmo que não tenha havido comprovações científicas que avaliem com precisão as questões da dependência e eventuais riscos quanto a abstinência, podemos afirmar que o consumo de cogumelos altera o comportamento do usuário com riscos não calculados. Sendo que ainda há possibilidade, da pessoa desenvolver delírios persecutórios, de grandeza ou acessos de pânico com riscos a outrem ou a si próprio.
Portanto, vale destacar que o fato do cogumelo ser um “produto natural”, não livra o usuário de provocar contratempos à saúde.
Foto: http://www.wikiwand.com/en/Psilocybe_cubensis
Autoras: Nancy Peres e Raquel Arantes
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